terça-feira, 18 de agosto de 2015

PARA ONDE VAI O AMOR QUE SE PERDE?

Um ano antes de sua morte, Franz Kafka viveu uma experiência singular. 
Passeando pelo parque de Steglitz, em Berlim, encontrou uma menina chorando porque havia perdido sua boneca. 
Kafka ofereceu ajuda para procurar pela boneca e combinou um encontro com a menina no dia seguinte no mesmo lugar. 
Incapaz de encontrar a boneca, ele escreveu uma carta como se fosse a boneca e leu para a garotinha quando se encontraram. “Por favor, não chore por mim, parti numa viagem para ver o mundo.”
Esta foi a primeira de muitas cartas que, durante três semanas, Kafka entregou pontualmente à menina, narrando as peripécias da boneca em todos os cantos do mundo: Londres, Paris, Madagascar…
Tudo para que a menina esquecesse a grande tristeza!
Esta história foi contada para alguns jornais e inspirou um livro de Jordi Sierra i Fabra (Kafka e a Boneca Viajante) onde o escritor imagina como teriam sido as conversas e o conteúdo das cartas de Kafka.
No fim, Kafka presenteou a menina com uma outra boneca. 
Ela era obviamente diferente da boneca original. 
Uma carta anexa explicava: “minhas viagens me transformaram…”. 
Anos depois, a garota agora crescida encontrou uma carta enfiada numa abertura escondida da querida boneca substituta. 
Em resumo, o bilhete dizia: “Tudo que você ama, você eventualmente perderá, mas, no fim, o amor retornará em uma forma diferente”.

May Benatar, no artigo “Kafka and the Doll: The Pervasiveness of Loss” (publicado no Huffington Post)

Nenhum comentário:

Postar um comentário