O ser humano é por excelência um produtor de imagens e de utopias. Por elas cria visões que lhe dão um horizonte mais aberto da vida e de seu futuro. Atualmente a grande luta certamente não é mais entre ideologias globais, mas entre visões e utopias. A pergunta básica é: quem projeta uma visão e uma utopia que sejam ao mesmo tempo mais promissoras e viáveis para os problemas da humanidade?
Essa capacidade de criar visões, utopias e imagens é irrenunciável. O ser humano, sublinhava Albert Camus, é a única criatura que se recusa a ser o que ela é. Ele quer ser sempre mais. Quer desentranhar do bojo de suas fantasias e utopias um ser melhor, mais exuberante, mais inteligente, mais sensível, mais capaz de comunicação e de amor.
Que seria do ser humano se não tivesse utopias, sonhos, desejos, fantasias e imaginações sobre si mesmo, sobre sua família, sobre seus filhos e filhas, sobre sua profissão, sobre sua cidade, sobre seu país, sobre o planeta Terra e sobre a vida além da vida? Seria apático, amorfo, resignado, desacorçoado, um semimorto perambulando por aí. A utopia o faz irradiar, criar, projetar e ter um fogo interior. Ela revela o melhor que se esconde dentro dele. É a águia que desperta, querendo sempre erguer voo. A galinha tem também suas boas razões. Ela é a realização possível de um sonho; é um dado palpável e concreto. Mas esse dado guarda um projeto maior; ele esconde dentro dele uma águia possível. É a abertura para o infinito, essencial ao ser humano.
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