A sociedade espera, e tem razão para esperar, que cada um desempenhe o mais perfeitamente possível o papel que lhe cabe; assim, um homem que seja sacerdote deve em todas as ocasiões desempenhar impecavelmente o papel de sacerdote. A sociedade exige-o por uma espécie de segurança: todos devem permanecer no seu posto, aqui um sapateiro, além um poeta. Não se espera que ninguém seja ambas as coisas, isso seria "esquisito". Um homem desses seria "diferente" dos outros, não mereceria confiança. No mundo das letras seria um diletante; em política, uma grandeza "imprevisível"; em religião, um livre-pensador.
Em suma, seria suspeito de incompetência e de inconstância, pois a sociedade está convencida de que só um sapateiro que não seja poeta poderá fazer sapatos bem acabados. Será?
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