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Leonardo Boff |
Vista de fora, a Terra é tão pequenina que cabe na palma de nossa mão. De lá se apagam todas as diferenças. Não há negros nem brancos, nem ricos e pobres, nem excluídos e incluídos, nem capitalista e socialista. Terra e humanidade formam uma única entidade. O ser humano é a própria Terra que sente, que pensa, que ama, e que venera. Os nacionalismos se esvaziam. Já não existem limites entre as nações e discriminações entre as raças. Todos somos Terra, nosso planeta azul-branco, dependurado na escuridão do espaço. Planeta amado, ameaçado e objeto de nossa preocupação por causa de seu futuro incerto. Somos responsáveis por este pedacinho do universo que nos coube habitar.
Como escreveu Carl Sagan, responsável pelo sucesso da Apollo 11, as imagens da Terra vista lá de fora ajudaram a despertar nossa adormecida consciência planetária; elas forneceram uma prova incontestável de que todos partilhamos o mesmo planeta vulnerável. Elas nos lembraram aquilo que é importante e aquilo que não é.
O ser humano pode transformar-se no anjo exterminador da Terra. Se não mudarmos nossas atitudes, protegendo-a ao invés de depredá-la; se continuarmos a acumular mais poder-dominação que sabedoria; se persistirmos em fomentar mais egoísmo que cooperação; se alimentarmos arrogância em vez de humildade e veneração pelo mistério do universo, seguramente conheceremos o caminho dos dinossauros. Provavelmente devastaremos o planeta e nos autodestruiremos como espécie.
Mas o ser humano é chamado a ser o anjo da guarda da Terra, a conviver com as demais espécies e a completar a obra de Deus deixada intencionalmente incompleta. Fomos criados criadores e concriadores.
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