sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Angústia

Para Descartes, duvidar não causava mal-estar, uma vez que seu interesse estava no plano das ideias e do conhecimento. Para resolver questões existenciais e práticas, instaurou para ele mesmo uma "moral provisória", que lhe permitia seguir vivendo. Continuou seu processo de manter em suspenso as certezas por meio da dúvida, enfocando o eu consciente (estado de vigília). Porém, para outros filósofos (como Kierkegaard), fazer isso significava, em certa medida, desestruturar o mundo e chegar ao nada. Isso porque o enfoque deles não se dá no plano do conhecimento, mas no existencial. Este nada conduziria, segundo Kierkegaard, à angústia. Segundo ele, a angústia é o sentimento decisivo da experiência existencial.
Que efeitos tem o nada? O nada engendra a angústia. A angústia é uma categoria do espírito que sonha. No estado de vigília aparece a diferença entre eu mesmo e tudo além de mim. Ao dormir, essa diferença fica suspendida, e sonhando converte-se em uma sugestão do nada.
Quase nunca o conceito de angústia é tratado pela psicologia. Por isso mesmo chama-se a atenção sobre a total diferença entre este conceito e o do medo ou outros similares. Todos esses conceitos se referem a algo concreto. No entanto, a angústia é a realidade da liberdade enquanto possibilidade frente à possibilidade. Para Heidegger, a angústia é uma disposição afetiva por intermédio da qual o nada absoluto se revela ao homem, que configura sua existência.

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