sábado, 5 de março de 2011

Celebração do feminino

Sophia, minha neta
COM LICENÇA POÉTICA
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou. 
É possível ler o poema como uma espécie de celebração do feminino. E eu o faço numa reverência especial às mulheres nascidas no século XXI. Sou do século passado.
Ou, talvez, se possa ir um pouco mais além e imaginar que se trata de uma celebração no feminino, da vocação poética. Celebração da mulher-poeta e da poesia feminina.
O poema de Adélia Prado estabelece um diálogo com o Poema de Sete faces, de Drummond. Vale a pena fazer uma análise comparativa.

Um comentário:

  1. A escolha de SOPHIA para representação desse dia, é por D++++ glorioso.
    Linda garota, que também faz parte de minha vida. Beijos da titia.

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