sábado, 2 de abril de 2011

A Normose

Todo mundo quer se encaixar num padrão. O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, bem-sucedido e está de bem com a vida. Quem não se encaixa nesses padrões, acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões e outras manifestações de não enquadramento. Mas nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados. A normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a autodepreciação e a ânsia de querer ser o que não se precisa ser.
Então, como aliviar os sintomas desta doença? Um pouco de autoestima basta. Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim, aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu padrão "normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original. Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais.
Eu simpatizo cada vez mais com aqueles que lutam para remover obstáculos mentais e emocionais e tentam viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Para mim são os verdadeiros normais, porque não conseguem colocar máscaras ou simular situações. Se parecem sofrer, é porque estão sofrendo. E se estão sorrindo, é porque a alma lhes é iluminada.
Por isso divulgue o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes.
O pensamento do jornalista Luciano Pires suscita reflexões que são oportunas num tempo em que as configurações paradigmáticas são impostas. Há que se redimensionar valores e atitudes para preservação da essência que caracteriza nossa singularidaade.

3 comentários:

  1. Ser ou não ser: Eis a questão. Cada pessoa precisa fazer suas próprias escolhas e estar bem com o seu "Eu". Será que vão gostar? O importante é que primeiro: Eu gostei!!!Rsrsrs

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  2. Émille Durkheim, em As Regras do Método Sociológico, traz à tona discussões sobre a coerção social...
    De fato, pode não ser uma tarefa fácil se dispor a fugir das regras da normalidade para viver o "eu" na sua forma mais autêntica. Porém, bem mais difícil (e menos, bem menos prazeroso) é deixar de lado nossas escolhas e nosso modo "real" de ser, objetivando agradar a maioria...

    Sejamos sinceros em nossos atos e emoções! Respeitemos a diversidade! E avante à luta contra a normose!

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