sábado, 18 de junho de 2011

A ciência da psicologia

Epistemologia da psicologia: Japiassu
"Quando um cientista se pergunta sobre o que é a ciência, certamente sua resposta não há de ser científica, mas filosófica."

Importa o reconhecimento de que a psicologia jamais pode ser considerada como uma ciência acabada, abstrata e fechada. Ao pretender sempre ancorar-se na certeza de um saber sólido e seguro (científico), ela está constantemente sendo colocada em questão por seu objeto que, aliás, não é um objeto, mas um sujeito: o homem.
Por outro lado, pelo fato de não ser dogmática nem de estar fundada definitivamente, ela deve colocar-se em questão, porque seu próprio sujeito é fundamentalmente questionado em sua história e em seu devir. E toda tentativa, sob pretexto de cientificidade ou de rigor, que quisesse instalar a psicologia (em seu trabalho de elaboração e de fundamento) em certezas absolutas e definitivas, colocá-la-ia, ipso facto, na impossibilidade de encontrar os meios para apreender o homem como existente, isto é, para desvelá-lo ao mesmo tempo em seu aparecer e em sua historicidade.
Porque a interrogação própria da psicologia se dirige às estruturas, ao sentido e ao fundamento da presença do homem, tal como ela se manifesta em cada um de seus atos, de suas situações e de seus comportamentos. O homem não é um ser-substância cujas atitudes poderíamos descrever e coisificar. Também não é um ser estático cujo comportamento consistiria em assemelhar-se mais à sua essência, isto é, a uma definição de seu ser inscrita na "natureza humana". 
O homem não é um ente, mas um existente que se torna ele mesmo fora de si, em sua presença: é um ser histórico, em devir, de superação. Razão pela qual a psicologia não pode estabelecer sobre ele um saber científico dogmático.

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