Profa.Sandra Borba |
Os
membros de uma tribo primitiva da África acreditam que cada pessoa que nasce
traz consigo uma música individual e intransferível, como uma espécie de
identidade sonora.
Assim, quando
a mãe está grávida ela recebe, através da inspiração, a música da criança que
irá nascer e começa a cantá-la para que o bebê se sinta querido e desejado.
Depois, a mãe ensina a música ao pai, que também passa a cantar
cada vez que se aproxima do filho, demonstrando carinho e respeito por sua
individualidade.
E,
assim, cada membro da família que entra em contato com a criança aprende a sua
música e passa a cantá-la, como forma de dar as boas-vindas e saudá-la. Dessa
forma, a criança aprende a sua música e passa a cantá-la pelo resto de sua vida.
E é assim que cada membro canta sua música individual, e todos sabem de
cor a música de cada um.
Um
costume singular e interessante. As notas são as mesmas, mas os
ritmos são diferentes. Fazendo um paralelo da prática dessa tribo
primitiva com os nossos costumes atuais, poderemos tirar dela vários
ensinamentos.
O
primeiro é que todos temos nossa individualidade, isso é incontestável. A
diferença é que nem sempre essa individualidade é considerada e, menos ainda,
respeitada.
Geralmente
nossas crianças nascem em meio a ruídos mentais de toda ordem. É a mãe querendo
lhe impor sua própria música e o pai, a sua. Chegam os demais
familiares e fazem o mesmo. Nem se espera que a criança demonstre
sua individualidade e já é confundida em si mesma.
Isso
se leva para a vida toda, quando nós, adultos, não conhecemos nossa
individualidade a ponto de ter certeza de quem realmente somos, do que sentimos
do que queremos ou não queremos.
Nossas
músicas se confundem. Nem cantamos a nossa, nem ouvimos a música do outro. É um
tumulto de sons confusos e inaudíveis. As individualidades não são
respeitadas e tenta-se fazer das pessoas uma massa confusa e disforme.
É
importante pensar a respeito desse tema nos dias atuais. É importante
que cada ser seja respeitado, e sua música seja cantada por todos, em sinal de
afeto e respeito.
Imagine
se você pudesse cantar sua música pessoal e, onde quer que fosse, todos lhe
saudassem com a sua melodia. Isso não seria fantástico? Se assim fosse,
teríamos uma sociedade amável e respeitosa, fraterna e afetuosa, onde todos se
sentiriam especiais e veriam os outros também como seres especiais.
Cada
pessoa tem sua identidade própria e intransferível. O Criador não
se repete. Cada filho Seu é único. Cada ser humano tem sua
sinfonia e seu ritmo particular. Ideal seria que cada um vivesse
no seu ritmo e respeitasse o ritmo do outro.
A
diversidade dessas múltiplas melodias forma a harmonia perfeita, sob a batuta
do Maestro Universal, que chamamos Deus.
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