sábado, 25 de agosto de 2012

Ninguém triunfa sozinho

Dürer (1471-1528)
No século XV, em uma pequena aldeia perto de Nüremberg, vivia uma família com vários filhos. Para pôr pão na mesa para todos, o pai trabalhava cerca de18 horas diárias nas minas de carvão, e em qualquer outra coisa que se apresentasse.
Dois de seus filhos tinham um sonho: queriam dedicar-se à pintura. Mas sabiam que seu pai jamais poderia enviar algum deles para estudar na Academia. Depois de muitas noites de conversas e troca de ideias, os dois irmãos chegaram a um acordo. Lançariam uma moeda para tirar a sorte, e o perdedor trabalharia nas minas para pagar os estudos ao que ganhasse. Ao terminar seus estudos, o ganhador pagaria, então, com  a venda de suas obras, os estudos ao que ficara em casa. Assim, os dois irmãos poderiam ser artistas.
Lançaram  a moeda, num domingo, ao sair da Igreja.  Um deles, chamado Albrecht Dürer, ganhou e  foi  estudar pintura em Nüremberg. Então o outro irmão, Albert, começou o perigoso trabalho nas  minas, onde permaneceu pelos  próximos quatro anos para pagar os estudos de seu irmão, que desde o primeiro momento foi toda uma sensação na Academia.
As gravuras de Albrecht, seus entalhados e seus óleos chegaram a ser muito melhores que os de muitos de seus professores. Quando se formou, já havia começado a ganhar consideráveis somas com as vendas de sua arte.
Quando o jovem artista regressou à sua aldeia, a família Dürer se reuniu para uma ceia festiva em sua homenagem.  Ao finalizar a memorável festa, Albrecht se pôs de pé, em seu lugar de honra à mesa, e propôs um brinde ao seu irmão querido, que tanto havia se  sacrificado, trabalhando nas minas para que o seu sonho de estudar se tornasse uma realidade.  E disse: "Agora, irmão meu, chegou a tua vez. Agora podes ir à Nüremberg e perseguir teus sonhos, que eu me encarregarei de todos os teus gastos".
Todos os olhos se voltaram, cheios de expectativa, para o lugar da mesa que ocupava seu irmão. Este, porém, com o rosto molhado de lágrimas, se pôs de pé e disse suavemente:
"Não, irmão, não posso ir a Nüremberg. É muito tarde para mim. Estes quatro anos de trabalho nas minas  destruíram minhas mãos. Cada osso de meus dedos se quebrou pelo menos uma vez, e a artrite em minha mão direita tem avançado tanto que me custou trabalho  levantar o copo para o teu brinde. Não poderia trabalhar com delicadas linhas, com o  compasso ou com o pergaminho,  e não poderia manejar a pena nem o pincel. Não, irmão, para mim já é tarde. Mas estou feliz  que minhas mãos disformes tenham servido para que as tuas agora tenham cumprido seu sonho".
Mais de 450 anos se passaram desde esse dia. Hoje as gravuras, óleos, aquarelas, entalhes e demais obras de  Albrecht Dürer podem ser vistos em museus ao redor de todo o mundo. Mas, seguramente, vocês, como a maioria das pessoas, só se recordam de uma obra. Talvez alguns a tenham  em sua casa. 
É o  dia em que, para render homenagem ao sacriíicio de seu irmão, Albrech Dürer desenhou as mãos maltratadas de seu irmão, com as palmas unidas e os dedos apontando ao céu. Chamou a esta poderosa obra simplesmente "Mãos", mas o mundo inteiro abriu de imediato seu coração à sua obra de arte  e mudou o nome da obra por: "Mãos que oram".
Na próxima vez em que vires uma cópia desta obra, olhe-a bem.  E, oxalá, que te sirva para que, quando te sentires demasiado orgulhoso do que fazes, e muito seguro de ti mesmo, recordes que na vida ninguém nunca triunfa sozinho!

Nenhum comentário:

Postar um comentário