quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Tributo

Uma verdade particular: todas as pessoas que vivem ou viveram de acordo com suas convicções devem ser homenageadas. 
A trajetória secular do meu pai, Francisco Barbosa de Siqueira, na condição de policial militar, sempre esteve associada à militância religiosa, desde o dia em que se deu a sua conversão, uma experiência espiritual bastante particular. Martins, então, (onde nasci) foi a cidade berço desse fato que se caracterizou como um divisor de água na sua vida.
Nascido em Santo Antônio do Salto da Onça/RN, localizada na microrregião Agreste Potiguar, no dia 17 de outubro de 1916, meu pai teve sua história de vida também pontuada pelo nomadismo considerando que, ainda bem jovem, foi para a capital do estado no intuito de ingressar na PM e, a partir daí, há registro de sua passagem por várias cidades do RN. Suas andanças foram caracterizadas por várias circunstâncias, e esse breve registro não explica a natureza dessas circunstâncias tampouco contempla todas as cidades por onde passou.
Pensando nas inúmeras histórias que contava acerca de suas raízes, garimpei algumas informações acerca da origem do município.
Nas proximidades do rio Jacu, existe uma pedra rachada ao meio com uma fenda medindo aproximadamente três metros. Segundo a lenda de origem da cidade, uma onça, ameaçada por um caçador, foi ferida mortalmente ao saltar de uma pedra para outra surgindo, assim, a denominação "Salto da Onça". O nome de Santo Antônio foi dado à localidade pelo vigário de Goianinha, Padre Manuel Francisco Borges, quando, por ocasião, celebrou a primeira missa na Vila Salto da Onça. Apesar da mudança no nome, a população estabeleceu a denominação Santo Antônio do Salto da Onça, unindo história e religiosidade. (Fonte: www.osamigosdaonca.com.br).
Deixou a cidade de Martins no ano de 1961 e passou a residir em São Miguel, na condição de delegado da Polícia Militar. Sob a orientação/coordenação do Pastor Artur Lisboa Barreto (pastor na cidade de Pau dos Ferros), passou a celebrar cultos agregando os “crentes” (denominação em voga para os evangélicos) que ali residiam. Para isso, recorreu à sua condição de militar de modo a assegurar a tranquilidade posto que, naquele contexto, a população não estava familiarizada com tais eventos. A guarnição militar possibilitava, assim, a realização dos cultos até que fosse assimilada a existência de um outro credo naquela cidade.
Fazia parte de suas atribuições dar assistência aos distritos policiais das cidades Baixio de Nazaré (hoje Coronel João Pessoa) e Mundo Novo (hoje Dr. Severiano). Tanto em São Miguel quanto nessas comunidades, exercia a militância na segurança pública, na condição de delegado de polícia, e na militância evangélica, na condição de pregador (recebera o ide de Jesus – Evangelho de São João 3, 16).  Era comum a realização de cultos em residências, principalmente, na zona rural.
Esse histórico da trajetória do tenente/pastor Siqueira foi resgatado na comemoração, no ano de 2012, quando da comemoração do Jubileu de Ouro da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, em Dr. Severiano, como o fundador do trabalho de evangelização no ano de 1962.
O Pr. Gerson Lopes de Morais (remanescente de uma das primeiras famílias evangélicas e, hoje, líder local) foi o articulador dos eventos comemorativos da história da Assembleia de Deus naquela cidade. 
É importante registrar o nome de Raimundo Cambraia – a primeira pessoa a aceitar o Evangelho – expressão que traduz a sua conversão. Tornou-se, após o seu batismo nas águas, no ano de 1963, o dirigente dos cultos na congregação de Dr. Severiano. Foi um grande aliado no projeto de evangelização.
A inauguração do templo da Assembleia de Deus ocorreu no dia 11 de dezembro de 1970.

A trajetória do tenente/pastor Siqueira, nas cidades citadas, conta de 1961 até o ano de 1972, quando entra em cena o Pr. João Varela. Permaneceu em São Miguel até início de 1974, quando foi designado para Luís Gomes.
O ministério da Assembleia de Deus, em Coronel João Pessoa, conta a partir do ano de 1963. Por isso, no ano de 2013, o pastor Edinaldo Domingos (líder assembleiano local) articulou a realização de vários eventos para registrar essa história cuja culminância aconteceu em janeiro/2014.
O tenente/pastor Siqueira teve o seu trabalho pioneiro de evangelização reconhecido. Foi criada a Banda Marcial Tenente Siqueira (como ele era, na época, conhecido).
Registro imagético de eventos que culminaram as comemorações do Jubileu de Ouro da Assembleia de Deus, em Coronel João Pessoa.





Representação da família no Evento












  


O ponto de partida para este registro foi Martins. Faz-se necessário considerar, entretanto, que outras experiências foram vivenciadas, cada uma com suas peculiaridades, nas cidades de Luís Gomes, José da Penha e, por último, em Pau dos Ferros. Foi aqui que ele viveu seus últimos anos, com a sua companheira de jornada – Concita Siqueira. Enquanto foi possível, frequentou os cultos na Assembleia de Deus. Lia a Bíblia, diariamente, numa dinâmica organizacional, por ele nomeada, como leitura devocional e leitura sistemática. 
É oportuno registrar, também, a conquista de uma marca em solo pau-ferrense: A lei 1065/07-PMPF, de 09 de julho de 2007, determina a denominação de Rua Pastor Siqueira o logradouro que se limita ao norte com a rua Palmira Chaves de Oliveira; ao sul, com a rua Israel Martins do Nascimento; ao leste, com a rua Afonso Silva e, a oeste, com a rua Monsenhor Walfredo Gurgel, no bairro Domingos Gameleira, em Pau dos Ferros/RN.

No dia 15/02/2014, foi realizado um culto festivo para comemoração do aniversário do templo da Assembleia de Deus, em Luís Gomes, sob a coordenação do Pastor Lourival Motta. Na história de evangelização daquela cidade, há o registro de que foi o Pastor Siqueira, no ano de 1974, o primeiro obreiro designado. Mais uma vez, uma ação pioneira na trajetória desse soldado de Cristo. 
 
 
 
 
Fez a sua última grande viagem no dia 27 de agosto de 2006. Não foi aleatória a escolha do seu epitáfio, que faz jus à sua condição de soldado de Cristo: Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé.
Assim ele é lembrado.
A família Siqueira agradece às instituições pelas homenagens e, sobretudo, às pessoas, pelo carinho demonstrado. Esse agradecimento tem ainda uma assinatura mais específica, a de Débora Marques de Siqueira, que esteve presente na culminância dos eventos tanto em Dr. Severiano quanto em Coronel João Pessoa; e, ainda, na comemoração do aniversário do templo da Assembleia de Deus, em Luís Gomes.

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