terça-feira, 10 de março de 2015

ÁGORA: QUAL É A SUA VERDADE?

A palavra Ágora provém do idioma grego, já que se referia, nas cidades (as chamadas pólis) dessa nação, às praças públicas e às assembleias que se celebravam. Com o tempo, o termo estendeu-se para fazer referência a outros locais de reunião ou de discussão.
Foi a inspiração para que ousássemos construir a nossa Ágora. Cada participante escolheu uma verdade a ser apregoada.

Assim como Marc Fumaroli, acredito que a função insubstituível da escola é educar para a fala e para a expressão precisas, que são aquisições para sempre, preciosas em todas as profissões e em todas as eventualidades da existência.



SAÍDA DO JARDIM DO ÉDEN
Chegamos ao mundo com alma de filósofo, entretanto passamos por um processo de acomodação e deixamos de lado a ideia de que o mundo não é uma evidência.
Eis aqui um apelo para que voltemos a nos admirar daquilo que vemos e/ou ouvimos. Recuperemos, pois, a nossa alma de filósofo! Que nós tenhamos coragem de formular as perguntas que nos afligem; busquemos em algum lugar, de alguma forma, respostas que nos satisfaçam.

PERGUNTAR É PRECISO!
QUEM SOU EU?
DE ONDE VIM?
PARA ONDE VOU?
O QUE ESTOU FAZENDO AQUI? DE ONDE VEIO O MUNDO?
ESTAMOS SOZINHOS NO UNIVERSO?
HÁ VIDA APÓS A MORTE?

São perguntas pertinentes àqueles que se veem como espíritos que transitoriamente habitam corpos. Estes se permitem dúvidas, compreendem que uma pergunta pode ser mais explosiva que mil respostas; enxergam a Terra como a nave espacial que nos conduz visto que o universo é nossa pátria.

FAZEMOS PARTE DE ALGO MISTERIOSO. MAS... COMO TUDO FUNCIONA?
Temos a oportunidade de sair do cotidiano para o confronto com os grandes mistérios do universo; podemos escolher em nos tornar apáticos, indiferentes ou aderir à proposta de uma vida instigante.
É necessário ousadia para nos lançar na jornada rumo aos limites da linguagem e da existência.
É preciso decifrar o grande livro do mundo. Primeiro é preciso limpar o terreno dos velhos materiais, antes de começar a construir a nova casa.

É POSSÍVEL SER FELIZ REPETINDO COISAS QUE LÁ NO FUNDO DO SEU CORAÇÃO VOCÊ NÃO ACHA CERTAS?

HÁ UMA METÁFORA QUE TRADUZ DE FORMA BRILHANTE NOSSA CONDIÇÃO:
Um coelho branco é tirado de dentro de uma cartola. E porque se trata de um coelho muito grande, este truque leva bilhões de anos para acontecer. Todas as crianças nascem bem na ponta dos finos pelos do coelho. Por isso elas conseguem se encantar com a impossibilidade do número de mágica a que assistem. Mas conforme vão envelhecendo, elas vão se arrastando cada vez mais para o interior da pelagem do coelho. E ficam por lá. Lá embaixo é tão confortável que elas não ousam mais subir até a ponta dos finos pelos, lá em cima. Só os filósofos têm ousadia para se lançar nesta jornada rumo aos limites da linguagem e da existência. Alguns deles não chegam a concluí-la, mas outros se agarram com força aos pelos do coelho e berram para as pessoas que estão lá embaixo, no conforto da pelagem, enchendo a barriga de comida e bebida:
— Senhoras e senhores — gritam eles —, estamos flutuando no espaço! Mas nenhuma das pessoas lá de baixo se interessa pela gritaria dos filósofos.

TEORIA CRIACIONISTA – A vida, qual a sua origem?
Nosso mundo está repleto de tantas coisas maravilhosas... Um pôr-do-sol que transformam o céu ocidental num resplendor de cores; um céu noturno, pontilhado de estrelas; uma floresta cheia de majestosas árvores, penetradas por feixes de luzes; cadeias de montanhas serrilhadas, com seus picos nevados brilhando ao sol; mares encapelados, agitados pelos ventos...
Tais coisas nos animam, nos enchem de assombro! Diminuto pássaro, uma maritaca-estriada voando bem alto, a uns vinte mil pés, em sua trajetória, possuindo somente vinte e um gramas. Enguias que geram luz. Gaivotas que dessalinizam a água do mar. Aves que são tecelãs. Formigas que cultivam solos. Todos dignos de admiração. Quando a vida se aproxima do fim, não raro é nessas coisas pequenas que focalizamos a nossa atenção, coisas que amiúde julgávamos corriqueiras: um sorriso. Um toque de mão. Uma palavra bondosa. Uma pequena flor. O canto de um pássaro. A tepidez do sol.
Quando refletimos sobre coisas grandes que nos assombram, as coisas pequenas suscitam nossa admiração, as coisas engenhosas que nos fascinam, e as coisas simples tardiamente apreciadas – a que atribuímos? Exatamente como podem ser explicadas? De onde provêm?
Gênesis 1.1 – No princípio, Deus criou os céus e a Terra.
Gênesis 1.3,5 – Venha a haver luz. Então veio a haver luz. E Deus começou a chamar a luz de Dia, mas à escuridão chamou de Noite. E veio a ser noitinha e veio a ser manhã, primeiro dia.
Gênesis 1.6,8 – E Deus prosseguiu dizendo: Venha a haver uma expansão entre as águas e ocorra uma separação entre águas e águas. E Deus começou a chamar a expansão de céu. E veio a ser noitinha e veio a ser manhã, segundo dia.
Gênesis 1.11,13 – E Deus prosseguiu dizendo: Faça a terra brotar relva, vegetação que dê semente, árvores frutíferas que deem fruto segundo as suas espécies, cuja semente esteja neles, sobre a terra. E assim se deu. E Deus viu que era bom. E veio a ser noitinha e veio a ser manhã, terceiro dia.
Gênesis 1.16,19 – E Deus passou a fazer dois grandes luzeiros, o maior para dominar o dia e o menor para dominar a noite, e também as estrelas, e eles terão de servir de sinais para épocas, e para dias e para anos. Deus viu então que era bom. E veio a ser noitinha e veio a ser manhã, quarto dia.
Gênesis 1.20,22,23 – E Deus prosseguiu dizendo: Produzam as águas um enxame de almas viventes e voem criaturas voadoras sobre a terra na face expansão dos céus. Sede fecundos e tornai-vos muitos. E veio a ser noitinha e veio a ser manhã, quinto dia.
Gênesis 1.14,26,28,31 – Produza a terra almas viventes segundo as suas espécies. E Deus pôde ver que era bom. Façamos o homem à nossa imagem segundo a nossa semelhança, macho e fêmea os criou. Ademais, Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos e tornai-vos muitos, e enchei a Terra, e sujeita-a. Depois, Deus viu tudo o que tinha feito, e eis que era muito bom. E veio a ser noitinha e veio a ser manhã, sexto dia.
Que as obras de Deus sejam criadas para o pensamento e a inteligência; que os mundos sejam moradas de seres que as contemplem e lhes descobrem, sob o véu, o poder e a sabedoria daquele que as formou, são questões que já nos não oferecem dúvidas, mas, que sejam solidárias as almas que as povoam, é o que importa saber.

ALEGORIA DA CAVERNA – Platão
Imagine um grupo de pessoas que habitam o interior de uma caverna. Elas estão de costas para a entrada da caverna e acorrentadas no pescoço e nos pés, de sorte que tudo o que veem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para além da borda do muro.
Como há uma fogueira queimando atrás dessas figuras, elas projetam sombras bruxuleantes na parede da caverna. Assim, a única coisa que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”.
E como essas pessoas estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que veem são a única coisa que existe. Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela prisão. Primeiro ele se pergunta de onde vêm aquelas sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se libertar dos grilhões que o prendem. O que você acha que acontece quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do muro?
Para começar, a luz é tão intensa que ele fica ofuscado. Se ele conseguir escalar o muro e passar pela fogueira e chegar ao mundo exterior, terá mais dificuldade ainda para enxergar devido à abundância de luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos precisos; verá animais e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna não passavam de imitações baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos animais da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver as sombras refletidas na parede. Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda continuam lá dentro da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna e dizem que aquilo que veem é tudo o que existe. Por fim, acabam matando-o.

POR MEIO DA RAZÃO, O INDIVÍDUO ISOLADO PODE TENTAR SAIR DAS TREVAS DA CAVERNA E BUSCAR A LUZ. MAS TAL JORNADA EXIGE DO INDIVÍDUO BOA DOSE DE CORAGEM PESSOAL.

MARIA MADALENA – Do seu primeiro encontro com Jesus
Foi no mês de junho que eu o vi pela primeira vez. Ele caminhava pelo trigal quando eu passei por perto com minhas damas de companhia e ele estava sozinho. O ritmo do seu andar era diferente do andar dos outros homens, e o movimento de seu corpo não se assemelhava a nada que eu já tivesse visto. Os homens não caminham sobre a Terra daquela maneira. E mesmo agora não sei se ele andava depressa ou devagar. Minhas companheiras apontaram o dedo para ele e conversaram umas com as outras num sussurro acanhado. Parei meu passo por um momento, e levantei a mão para saudá-lo. Mas ele não voltou a face, e não me olhou. E eu odiei-o! Senti-me impelida para dentro de mim mesma, e tinha frio como se tivesse estado num banho de neve. E tremia. Naquela noite, vi-o em meu sonho; e disseram-me, depois, que eu gritava dormindo e me agitava no leito.
Foi no mês de agosto que eu o vi novamente, através da minha janela. Estava sentado à sombra do cipreste, em meu jardim, e estava Imóvel, como se tivesse sido talhado na pedra como as estátuas de Antioquia e das outras cidades do País do Norte. E minha escrava, a egípcia, veio até mim e disse: “Aquele homem está novamente aqui. Está sentado ali, em vosso jardim”.
E olhei para ele, e minha alma estremeceu dentro de mim, pois ele era belo. Seu corpo era perfeitamente coordenado, e cada parte parecia amar cada outra parte. Então me vesti com vestidos de Damasco, deixei minha casa e dirigi-me para ele. Seria minha solidão, ou seria sua fragrância, que me impelia para ele? Era uma fome em meus olhos que desejava a beleza ou era a sua beleza que buscava a luz dos meus olhos? Ainda hoje não o sei.
Caminhei para ele com meus vestidos perfumados e minhas sandálias douradas, as sandálias que o capitão romano me deu, sim, estas mesmas sandálias. Quando o alcancei, disse-lhe: “Bom dia para vós.” E ele disse: “bom dia para ti, Míriam”. E seus olhos de noite me viram como nenhum homem jamais me vira; e de repente me senti como se estivesse nua, e senti vergonha.
Todavia, Ele só me dissera “Bom dia”. E então eu lhe disse: “Não queres entrar em minha casa?” – e Ele disse: “Não estou já em tua casa?”. Eu não sabia então o significado daquelas palavras, mas agora eu sei.
Eu disse: “Não queres dividir o vinho e o pão comigo?”. E Ele: “Sim Miriam, mas não agora”. Não agora, não agora, Ele disse. E a voz do mar estava nestas duas palavras, e a voz do vento e das árvores. E quando ele as disse, a vida falou à morte.
Pois creia, meu amigo, eu estava morta. Eu era uma mulher que se tinha divorciado de sua alma. Vivia eu separada deste ‘eu’ que agora vês. Eu pertencia a todos os homens, e a nenhum. Eles me chamavam de prostituta, uma mulher possuída por sete demônios. Eu era amaldiçoada, e era invejada. Mas quando Seus olhos de aurora fitaram os meus olhos, todas as estrelas da minha noite desvaneceram, e eu me tornei Miriam, só Miriam, uma mulher perdida para a terra que conhecera, que encontrava a si mesma em outros lugares.
E novamente eu Lhe disse: “Venha até minha casa, dividir o vinho e o pão comigo”. Ele disse: “Por que me convidas para ser teu hóspede?” – E eu disse: “Eu te convido para que entres em minha casa”. E tudo em mim que era terra, e tudo em mim que era céu clamava por Ele. Então Ele olhou para mim, o meio-dia de Seus olhos estava sobre mim, e disse: “Tens muitos amantes e, todavia, só Eu te amo”.
Os outros homens amam a si mesmos em tua intimidade. Eu amo-te por ti mesma. Outros homens veem em ti a beleza que desvanecerá mais cedo que seus próprios anos. Mas Eu vejo em ti a beleza que não desvanecerá, e que no outono de teus dias não receará olhar-se no espelho, e não será ofendida. “Só Eu amo o que é invisível em ti”.
Então Ele disse em voz baixa: “Vá agora. Se este cipreste é teu, e não quiseres que me sente à sua sombra, Eu irei embora”. E eu gritei para Ele, e disse: “Mestre, vem à minha casa. Tenho incenso para queimar para ti, e uma bacia de prata para teus pés. Tu és um estranho e, todavia não és um estranho. Rogo-te, vem à minha casa”. Então Ele se levantou e olhou para mim como as estações do ano devem olhar para os campos, sorriu, e novamente disse: “Todos os homens te amam por eles mesmos. Eu te amo por ti mesma”. Em seguida, saiu caminhando.
Mas nenhum outro homem jamais caminhou como Ele caminhava. Seria uma brisa surgida no meu jardim, soprando para o leste? Ou seria uma tempestade que veio a sacudir tudo, até as fundações? Eu não sabia, mas nesse dia em que o ocaso de seus olhos matou o dragão que havia em mim, eu me tornei uma mulher, me tornei Miriam, Miriam de Mijdel. 

O SERMÃO DA MONTANHA – Mateus 5, 1 a 12.
Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos, e abrindo a boca os ensinava dizendo:
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos. 
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.                                                      
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição, por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus, porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.

MARIA MADALENA, TRINTA ANOS DEPOIS – Sobre a Ressurreição do Espírito.
Mais uma vez eu digo que, com a morte, Jesus venceu a morte e ergueu-se do túmulo, um espírito e um poder. E caminhou em nossa solidão e visitou os jardins de nossa paixão.
Ele não jaz ali naquela abertura rochosa atrás da pedra.
Nós, que o amamos, contemplamo-lo com estes olhos que ele tornou capazes de ver, e tocamo-lo com estas mãos que ele ensinou a alcançar ao longe.
Sei que não acreditais nele. Eu fui como vós, e vós sois muitos; mas vosso número diminuirá.
Precisarei quebrar vossa harpa e vossa lira para encontrar a música que delas emana?
Ou precisarei derrubar uma árvore para acreditar que ela carrega frutos?
Odiais Jesus porque alguém do País do Norte disse que ele era o filho de Deus. Mas vos odiais um ao outro porque cada um de vós se considera grande demais para ser o irmão do seu próximo.
Vós o odiais porque alguém disse que ele nascera de uma virgem, e não da semente do homem.
Mas não conheceis as mães que vão para o túmulo ainda virgens, nem os homens que descem à tumba pela sua própria sede.
Não sabeis que a terra foi dada em casamento ao sol, e que a terra é que nos manda adiante à montanha e ao deserto.
Há um golfo que se abre entre aqueles que o amam e aqueles que o odeiam, entre aqueles que creem e aqueles que não creem.
Mas quando os anos houverem lançado uma ponte entre esse golfo, sabereis que aquele que viveu em nós é imortal; que era filho de Deus, tal como nós mesmos somos filhos de Deus, que ele nasceu de uma virgem tal como nós nascemos da terra sem esposo.
É estranho que a terra não dê aos descrentes raízes para sugar os seus seios nem asas para voar e beber, e se encherem do orvalho de seu espaço.
Mas eu sei o que sei, e isto me basta.

HEBREUS 11 – FÉ
Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem. Porque por ela os antigos alcançaram bom testemunho.
Pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus; de modo que o visível não foi feito daquilo que se vê. 
Pela fé Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho das suas oferendas, e por meio dela depois de morto, ainda fala.
Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte; e não foi achado, porque Deus o trasladara; pois antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus.
Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam. Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, sendo temente a Deus, preparou uma arca para o salvamento da sua família; e por esta fé condenou o mundo, e tornou-se herdeiro da justiça que é segundo a fé.
Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, saindo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.
Pela fé peregrinou na terra da promessa, como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa; porque esperava a cidade que tem os fundamentos, da qual o arquiteto e edificador é Deus.
Pela fé, até a própria Sara recebeu a virtude de conceber um filho, mesmo fora da idade, porquanto teve por fiel aquele que lho havia prometido.
Pelo que também de um, e esse já amortecido, descenderam tantos, em multidão, como as estrelas do céu, e como a areia inumerável que está na praia do mar. 
Todos estes morreram na fé, sem terem alcançado as promessas; mas tendo-as visto e saudado, de longe, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra.
Ora, os que tais coisas dizem, mostram que estão buscando uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem daquela donde haviam saído, teriam oportunidade de voltar. Mas agora desejam uma pátria melhor, isto é, a celestial. Pelo que também Deus não se envergonha deles, de ser chamado seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade. 
Pela fé Abraão, sendo provado, ofereceu Isaque; sim, ia oferecendo o seu unigênito aquele que recebera as promessas, e a quem se havia dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, julgando que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar; e daí também em figura o recobrou. 
Pela fé Isaque abençoou Jacó e a Esaú, no tocante às coisas futuras.
Pela fé Jacó, quando estava para morrer, abençoou cada um dos filhos de José, e adorou, inclinado sobre a extremidade do seu bordão.
Pela fé José, estando próximo o seu fim, fez menção da saída dos filhos de Israel, e deu ordem acerca de seus ossos. 
Pela fé Moisés, logo ao nascer, foi escondido por seus pais durante três meses, porque viram que o menino era formoso; e não temeram o decreto do rei.
Pela fé Moisés, sendo já homem, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que ter por algum tempo o gozo do pecado, tendo por maiores riquezas o opróbrio de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa.
Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como quem vê aquele que é invisível.
Pela fé celebrou a páscoa e a aspersão do sangue, para que o destruidor dos primogênitos não lhes tocasse.
Pela fé os israelitas atravessaram o Mar Vermelho, como por terra seca; e tentando isso os egípcios, foram afogados.
Pela fé caíram os muros de Jericó, depois de rodeados por sete dias.
Pela fé Raabe, a meretriz, não pereceu com os desobedientes, tendo acolhido em paz os espias.
E que mais direi? Pois me faltará o tempo, se eu contar de Gideão, de Baraque, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel e dos profetas; os quais por meio da fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam a boca dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam ao fio da espada, da fraqueza tiraram forças, tornaram-se poderosos na guerra, puseram em fuga exércitos estrangeiros.
As mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição; e outros experimentaram escárnios e açoites, e ainda cadeias e prisões. Foram apedrejados e tentados; foram serrados ao meio; morreram ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, aflitos e maltratados (dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra.
E todos estes, embora tendo recebido bom testemunho pela fé, contudo não alcançaram a promessa; visto que Deus provera alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados. 

I CORÍNTIOS 13 – Acima de tudo, o Amor
Ainda que eu falasse línguas,
As dos homens e dos anjos,
Se eu não tivesse o amor,
Seria como o sino ruidoso
Ou como o címbalo estridente.

Ainda que tivesse o dom da profecia,
O conhecimento de todos os mistérios
E de toda a ciência;
Ainda que tivesse toda a fé,
A ponto de transportar montanhas,
Se não tivesse o amor,
Eu não seria nada.

Ainda que eu distribuísse
Todos os meus bens aos famintos,
Ainda que entregasse
O meu corpo às chamas,
Se não tivesse o amor,
Nada disso me adiantaria.

O amor é paciente,
O amor é prestativo;
Não é invejoso,
Não se ostenta,
Não se incha de orgulho.

Nada faz de inconveniente,
Não procura o seu próprio interesse,
Não se irrita,
Não guarda rancor.
Não se alegra com a injustiça,
Mas regozija-se com a verdade.

Tudo desculpa, tudo crê,
Tudo espera, tudo suporta.

O amor jamais passará.
As profecias desaparecerão,
As línguas cessarão,
A ciência também desaparecerá.
Pois o nosso conhecimento é limitado;
Limitada é também a nossa profecia.

Mas, quando vier a perfeição,
Desaparecerá o que é limitado.

Quando eu era criança,
Falava como criança,
Pensava como criança,
Raciocinava como criança.
Depois que me tornei adulto,
Deixei o que era próprio de criança.

Agora vemos como em espelho
E de maneira confusa;
Mas depois veremos face a face.
Agora o meu conhecimento é limitado,
Mas depois conhecerei
Como sou conhecido.

Agora, portanto, permanecem
Estas três coisas: a fé, a esperança e o amor.
A maior delas, porém, é o amor.

OS ANOS DURANTE OS QUAIS EU ESTAVA À ESCUTA DAS IMAGENS INTERIORES FORAM A ÉPOCA MAIS IMPORTANTE DA MINHA VIDA, DURANTE A QUAL TODAS AS COISAS ESSENCIAIS SE DECIDIRAM.

KARL MAX – Por uma filosofia igualitária
Vivi numa época de extrema exploração da classe operária, situação que me fez defender os ideais voltados para a igualdade das classes sociais, propondo o fim do Estado manipulado pela burguesa, a classe economicamente dominante. O meu projeto era o de formar um mundo igualitário e sem luta de classes.
Na luta para tornar concretos meus ideais cheguei a criticar meus colegas filósofos ao afirmar que eles não faziam nada de novo, a não ser interpretar o mundo de diferentes maneiras. Porque para mim o que importava era transformar o mundo e as relações estabelecidas entre o Estado, a burguesia e o proletariado, pois desde p momento que tomei conhecimento das contradições, descobri que o ser humano pode agir ativamente sobre aquilo que o determina, defendendo desta forma a corrente do Possibilismo, uma vez que eu queria despertar a população para uma nova forma de vida baseada na minha teoria.
Para que o meu projeto alcançasse um nível de conhecimento e de sustentação, junto à população, senti a necessidade de lançar mão de duas bases explicativas, sendo a primeira pautada na filosofia do materialismo dialético em que corresponderia às várias ações do ser humano, possibilitadas pelo seu conhecimento do determinismo sobre o mundo. Filosofia esta, que representaria a sintetização das minhas leis defensoras de uma sociedade menos dependente do capital e voltada para-me os meios sociais. Já a segunda, baseava-se na teoria científica do materialismo histórico que seria nada mais do que a aplicação dos meus princípios ao campo histórico, a justificativa dos meus ideais, pois compreendia que o ser humano caracterizava-se, fundamentalmente, pela forma que reproduziria suas condições de existência.
Na busca de uma análise mais consistente do ser social, desenvolvi uma nova antropologia, em que defendi e afirmei não existir natureza humana idêntica em nenhum lugar e em nenhum tempo, baseando-me na capacidade transformadora do ser humano sobre a realidade em que vive. Com isso estabeleci a dialética pensar-agir, significando assim a união dialética da teoria e da prática que recebera, também, a denominação de filosofia da práxis.
Quero ressaltar que o ponto chave dos meus pensamentos sempre foi a sociedade. Para estudá-la, decidi partir da forma como se produziam os bens materiais necessários à vida, dividindo em dois níveis: o primeiro chamei de infraestrutura, que era constituído pela base econômica, e o segundo de superestrutura, que subdividi em estrutura jurídico-política representada pelo Estado e pelo direito, e a estrutura ideológica, que incorporava as diversas formas de consciência social como religião, leis, educação, ciências filosofias, entre outras.
Outro aspecto que gerou minha indignação foi a própria situação do Estado. Para mim, este era um mal a ser extirpado porque não contribuía para a superação das contradições da sociedade civil, apenas visava ao bem comum, mantendo-se de fato a serviço da classe dominante. Para tanto, propus que houvesse um período de transição, no qual a classe operária, organizada em um partido revolucionário, destruiria o Estado burguês e criaria um Estado provisório capaz de suprimir a propriedade privada dos meios de produção, criando-se, dessa forma, a ditadura do proletariado.
Senhoras e senhores, neste breve momento, apresentei a todos vocês a minha filosofia, mostrei que para ser incorporada ao mundo, necessita do fortalecimento contínuo da classe operária, indispensável enquanto a burguesia não tivesse sido liquidada como classe no mundo inteiro. Por isso mesmo, para concluir quero deixar explícita a minha vontade de um dia ver um mundo em que todos tivessem condições de viverem dignamente e de serem igualitariamente felizes, com seus direitos plenamente respeitados.

CHARLES DARWIN – Teoria Evolucionista
Ciência é um ramo de estudo que tem relação com um corpo sólido de verdades ligadas e apresentadas sob leis gerais, e que inclui métodos confiáveis para a descoberta de novas verdades em seu domínio. Para alguns, evolução é 10% de má ciência e 90% de má filosofia.
Mas para que acreditar na Evolução? Nós, evolucionistas, costumamos acusar os adeptos do modelo criacionista de usar o “argumento do consenso geral”. Esse argumento dita que a crença de que o mundo deve ter sido trazido à sua presente forma por algum Deus ou deuses, “prova” que realmente o mundo surgiu dessa maneira. Tal resposta não prova nada ou os mitos do povo hebreu acerca da criação são mais dignos de crédito do que os de outros povos. De fato, tal consenso não prova absolutamente nada, sendo justamente por isso que não é utilizado com frequência pelos defensores do modelo criacionista. Muitos cientistas sinceros confessam que as razões por trás da sua fé na evolução são principalmente filosóficas e não científicas.
A despeito das controvérsias, do obscurantismo e do mau-humor, o darwinismo tem lutado para nos ajudar a compreender a natureza humana. Isso talvez seja o mais difícil de tudo, em vista de toda a bagagem que carrega e da compreensível oposição de muitos de nós em esquecer essa bagagem. Contudo, há alguns sinais insignificantes de que se vem progredindo no que se refere ao autoexame darwiniano da humanidade... A última coisa é a mais importante de todas. O darwinismo tem sido ruim para a paz social, e bom para vários esforços materiais, mas para a ciência em si, desempenhou um papel fundamental na conexão da biologia com as ciências físicas. Sem ele, a ciência biológica precisaria de mais uma ou duas divindades para explicar as maravilhosas invenções da vida, pois apenas a física e a química bastariam. Portanto, sem o darwinismo, a ciência permaneceria necessariamente deísta, no todo ou em parte. Isso faz da ciência sem darwinismo uma meta essencial dos que querem ver a ciência dominada pelos mistérios religiosos.
Mas, afinal, o que é evolução? A evolução compreende todos os estágios do desenvolvimento do universo: cósmico, biológico e humano ou cultural. A vida é produto da evolução de matéria inorgânica, e o homem é produto da evolução da vida.
A Teoria Geral da Evolução, que é aceita hoje, é muito diferente da proposta na polêmica obra A Origem das espécies. Isso porque a teoria original era inteiramente baseada no conceito errôneo dos pangenes. Segundo essa teoria, todos os órgãos e componentes do corpo produzem suas próprias cópias em miniaturas infinitamente pequenas, denominadas pangenes. Estas são carregadas pela corrente sanguínea até as gônadas, reunindo-se nos gametas. Na fecundação, os pangenes do pai “brigavam” com os da mãe, ficando os mais fortes que dariam origem ao novo ser. Vejam até onde a ideia obsessiva de seleção natural o levou! Dessa forma, o contraste entre o Lamarckismo e o Darwinismo em relação à girafa não é tão definido assim, pois Darwin realmente cria que, o que resultava na produção de pangenes de pescoços maiores era justamente o esforço do animal para alcançar as árvores mais altas. Por incrível que pareça, é verdade., Darwin também acreditava na ideia dos caracteres adquiridos e necessitava dela para a sua teoria de evolução.
A ideia atual de Teoria da Evolução é resumidamente esta: as mudanças ao acaso resultam na variabilidade genética de uma população, a única evolutiva. A seleção natural “filtra” essas mutações, os seres com características vantajosas vivem mais e procriam mais, passando essas suas características vantajosas para as gerações seguintes, enquanto aqueles que tiveram mutações desvantajosas são eliminados pelo meio, e assim essa população se torna mais adaptada ao ambiente em que vive, resultando em novas espécies. Mutação e seleção natural, esses são os pontos principais da moderna Teoria da Evolução.

JÁ TERÍAMOS VIVIDO UMA VEZ? NOSSA ALMA JÁ PREEXISTIU ANTES DE OCUPAR NOSSO CORPO? TRAZEMOS CONOSCO UMA PEPITA DE OURO, UMA JOIA IMUNE À CORROSÃO, QUE SOBREVIVERÁ DEPOIS DO ENVELHECIMENTO E MORTE DO CORPO?

DOUTRINA ESPÍRITA
Eis o que sou e como sou: um filósofo e cientista da Doutrina Espírita. Uso a razão da verdade para afirma-lo, me volto para a vida e me pergunto: Quem fomos? Quem somos? Para onde vamos? A busca pelas respostas é fundamental para entendermos o universo em que estamos, e estas só nos serão dadas através da Doutrina Espírita, na qual encontro a interpretação da vida à luz da razão. Sei que Deus existe, acredito na imortalidade da alma, creio na reencarnação, na comunicabilidade dos espíritos, na evolução universal e infinita. E reconheço: “o Espiritismos surgiu para desmistificar a morte; para ajudar-nos a fazer uma reforma interior, a evoluir, a progredir como um ser social e espiritual” [...], com uma doutrina intrínseca e extrinsecamente contrária às formas de opressão aos direitos individuais e sociais.
É preciso que entendamos que “o Espiritismo prega auxílio mútuo entre encarnados e desencarnados. Afinal, os espíritos envolvem-se com o plano físico para ajudar no nosso processo evolutivo. Nesse envolvimento, os espíritos portam os mesmos valore dos homens, com exceção do corpo físico”. Vejo-o como filosofia, ciência e religião, capaz de identificar as relações entre vivos e mortos, por intermédio da mediunidade. Portanto, o Espiritismo torna-se, para nós, a melhor forma de entender os espíritos e a nossa alma.
O meu raciocínio se baseia na fé raciocinada de um mundo que ainda não descobrimos por completo – o mundo da espiritualidade, o mundo da razão e da verdade que nos norteiam para a descoberta da nossa própria identidade como cidadãos do universo.
A senda do progresso eterno exige o cumprimento da seguinte trajetória: Nascer, viver, morrer; renascer ainda e progredir sempre. Tal é a lei.

Ser normal é talvez a coisa mais útil e conveniente com que podemos sonhar; mas a noção do ser humano normal, tal como o conceito de adaptação, implica limitar-se à média. Ser normal é o ideal dos que não têm êxito, de todos os que ainda se encontram abaixo do nível geral de adaptação. Mas para as pessoas dotadas de capacidades acima da média, que não encontram qualquer dificuldade em alcançar êxitos e em realizar a sua quota – parte de trabalho no mundo, para estas pessoas a compulsão moral a não serem nada senão normais significa o leito de Procusto: mortal e fastidioso, um inferno de esterilidade e desespero.

FRIEDRICH NIETZSCHE – Doutrina da finalidade da vida
Mesmo considerando os homens com bondade ou malevolência, encontro-os sempre, a todos e a cada um em particular, ocupados em uma única tarefa: tornar-se úteis à conservação da espécie. E não por um sentimento de amor a essa espécie, mas simplesmente porque nada neles é mais antigo, mais poderoso, mais inexorável e mais invencível do que esse instinto... porque esse instinto é propriamente a essência da nossa espécie e rebanho que somos. Se chegarmos assaz rapidamente, com a miopia ordinária, a separar a cinco passos de distância, os nossos semelhantes em úteis e em prejudiciais, bons e maus, no nosso balanço final refletimos sobre o conjunto e acabamos por desconfiar destas depurações, destas distinções, renunciando a elas. O homem mais prejudicial pode ser ainda, no fim das contas, o mais útil à conservação da espécie, pois sustenta em si mesmo, ou nos outros pela sua influência, instintos sem os quais a humanidade estaria há muito tempo definhada e corrompida.
O ódio, o prazer com o mal alheio, a sede de tomar e de dominar e, de uma forma geral, tudo aquilo a que se dá o nome de mau, não passam de um dos elementos da assombrosa economia da conservação da espécie; economia dispendiosa, certamente, pródiga, e no geral, altamente insensata, mas que, de modo comprovado, conservou a nossa raça até agora. Não sei mais, meu caro próximo e congênere, se ainda podes viver em detrimento da nossa espécie viver de forma "irracional" e "má"; aquilo que poderia prejudicar a espécie, talvez tenha morrido há milhares de anos; é talvez agora uma dessas coisas nem o próprio Deus pode conceber. Siga as tuas melhores ou piores inclinações e, antes de mais nada, encaminha-te para a tua perdição; em ambos os casos favorecerás provavelmente, de uma maneira ou de outra o progresso da humanidade, serás sempre em qualquer ponto o seu benfeitor e terás direito aos seus apologistas... como também aos seus detratores!
Mas nunca encontrarás quem possa troçar de ti, indivíduo, inteiramente, mesmo naquilo que tens de melhor, aquele que será capaz de te representar com força suficiente para aproximar da verdade, a tua incomensurável pobreza de rã e de mosca! Para rirmos de nós mesmos, como seria necessário, como faria a verdade total, os melhores não tiveram até agora suficiente senso pelo verdadeiro, os mais dotados, gênio bastante. Talvez então o riso se tenha aliado à sabedoria, talvez haja aí então uma "gaia ciência". 

SIGMUND FREUD
Se quisermos entender o que é o ser humano, precisamos conhecer um pouco sobre a teoria do inconsciente. Nem sempre é a razão que governa nossas ações, por isso, nós humanos, não somos apenas esse ser racional assim tão defendido pelos racionalistas do século XVIII. Com frequência, impulsos irracionais determinam nossos pensamentos, sonhos e ações. Esses impulsos são capazes de trazer à luz instintos e necessidades que estão adormecidos dentro de nós. Essas reações geralmente vêm à tona tão disfarçadas e talvez modificadas, que na maioria das vezes nem reconhecemos a origem, e assim esse disfarce chega a governar nossas ações.
A Psicanálise tem uma base sólida e empírica para fundamentar essas afirmações. A maioria dos distúrbios psíquicos ocorre devido a conflitos na infância. Para resolver esses conflitos, podemos e devemos recorrer a um método de tratamento denominado de “arqueologia da alma”, assim considerada porque deve cavoucar a nossa mente. Já que de acordo com a Psicanálise, guardamos bem no fundo de nós mesmos lembranças do passado.
Tomemos por base um recém-nascido. Quando ele vem ao mundo, satisfaz suas necessidades físicas e psíquicas de forma bastante direta e desinibida, e isto é denominado de “princípio do prazer” ou ID. Assim, quando nascemos, quase todo nosso ser é apenas ID. Esse ID não nos abandona nunca, porém no decurso da vida aprendemos a controlar nosso ego. Às vezes sentimos um desejo quase incontrolável por algo que nosso meio não aceita, daí vem a representação dos nossos desejos. E surge também uma terceira instância na psique. Na infância somos controlados com os padrões morais de nossos pais e de nosso meio; através de reclamações ouvimos: – Não faça isso! E ou: – Que vergonha!
Quando crescemos, ouvimos de vez em quando o eco compreensivo e julgamentos morais. Isso significa que esses padrões morais permanecem alojados dentro de nós e constituído, numa parte, de nós mesmos, é o superego, e este se opõe ao ego como uma espécie de consciência. Ou seja, o superego nos informa quando precisamos reprimir nossos  desejos.
Nossa vida cotidiana está repleta de ações inconscientes. Por exemplo: quando nos esquecemos do nome de certa pessoa, quando ficamos mexendo na pontinha da roupa enquanto falamos ou então quando ficamos mudando de posição objetos aparentemente sem importância.
Ninguém controla ou evita atos inconscientes. O segredo está em não se desgastar demais ao empurrar várias coisas desagradáveis para o subconsciente. É como querer tapar o buraco de uma toupeira, você pode até conseguir tapar por um tempo, mas logo ela virá à superfície em algum ponto. O melhor é deixar a porta encostada entre o consciente e o subconsciente.

CARL GUSTAV JUNG
A sociedade espera, e tem razão para esperar, que cada um desempenhe o mais perfeitamente possível o papel que lhe coube; assim, um homem que seja sacerdote deve, em todas as ocasiões, desempenhar impecavelmente o papel de sacerdote. A sociedade exige-o por ser uma espécie da segurança: todos devem permanecer no seu posto, aqui um sapateiro, além um poeta. Não se espera que ninguém seja ambas as coisas, isso seria esquisito. Um homem desses seria diferente dos outros, não mereceria confiança. No mundo das letras, seria um diletante; em política, uma grandeza imprevisível; em religião, um livre-pensador.
Em suma, seria suspeito de incompetência e de inconstância, pois a sociedade está convencida de que só um sapateiro que não seja poeta poderá fazer sapatos bem acabados.

PENSAMENTO HINDU
Assim como certas religiões do mundo chamam de ateus os homens que não acreditam num Deus pessoal além de si mesmos, dizemos que é ateu aquele que não acredita no esplendor da própria alma: isto é o que chamamos de ateísmo.

DALAI LAMA – Uma Ética para o novo Milênio.
Cada uma de nossas ações conscientes e, de certa forma, toda a nossa vida podem ser vistas como resposta à grande pergunta que desafia a todos: "Como posso ser feliz?"
No entanto, estranhamente, minha impressão é que as pessoas que vivem em países de grande desenvolvimento material são de certa forma menos satisfeitas, menos felizes do que as que vivem em países menos desenvolvidos. Esse sofrimento interior está claramente associado a uma confusão cada vez maior sobre o que de fato constitui a moralidade e quais são os seus fundamentos.
A meu ver, criamos uma sociedade em que as pessoas acham cada vez mais difícil demonstrar um mínimo de afeto aos outros. Em vez da noção de comunidade e da sensação de fazer parte de um grupo, encontramos um alto grau de solidão e perda de laços afetivos. O que gera essa situação é a retórica contemporânea de crescimento e desenvolvimento econômico, que reforça intensamente a tendência das pessoas para a competitividade e a inveja.
E com isso vem a percepção da necessidade de manter as aparências por si só uma importante fonte de problemas, tensões e infelicidade. O descaso pela dimensão interior do homem fez com que todos os grandes movimentos dos últimos cem anos ou mais – democracia, liberalismo, socialismo – tenham deixado de produzir os benefícios que deveriam ter proporcionado ao mundo, apesar de tantas ideias maravilhosas. 
Meu apelo por uma revolução espiritual não é um apelo por uma revolução religiosa. Considero que a espiritualidade esteja relacionada com aquelas qualidades do espírito humano – tais como amor e compaixão, paciência, tolerância, capacidade de perdoar, contentamento, noção de responsabilidade, noção de harmonia –que trazem felicidade tanto para a própria pessoa quanto para os outros. É por isso que às vezes digo que talvez se possa dispensar a religião. O que não se pode dispensar são essas qualidades espirituais básicas.

NASCEMOS DO CORAÇÃO DAS GRANDES ESTRELAS. POR ISSO EXISTIMOS PARA BRILHAR, POIS CARREGAMOS DENTRO DE NÓS O BRILHO ORIGINÁRIO.

PAULO FREIRE – Educação libertadora
O homem não participará ativamente da história, da sociedade, da transformação da realidade, se não tiver condições de tomar consciência da realidade e, mais ainda, da própria capacidade de transformá-la.
É preciso que se faça, pois, dessa tomada de consciência, o objetivo primeiro de toda a educação: provocar e criar condições para que se desenvolva uma atitude de reflexão crítica comprometida com a ação.
A neutralidade da educação é impossível, como impossível é, por exemplo, a neutralidade na ciência. Isso quer dizer que não importa se como educadores somos ou não conscientes, a nossa atividade desenvolve-se para a libertação dos homens – a sua humanização – ou para a sua domesticação – o domínio sobre eles. Precisamente por causa disso penso que é muito importante esclarecer as diferentes formas de ação no campo educacional, a fim de tornar possível a nossa verdadeira opção ou escolha.
Se a minha escolha é a da libertação, da humanização, é-me absolutamente necessário ser esclarecido de seus métodos, técnicas e processos que tenho de usar quando estou diante dos educandos. Geralmente, pensamos que estamos a trabalhar para os homens, para a sua libertação, para a sua humanização; contudo, estamos a utilizar os mesmos métodos com os quais impedimos os homens de se tornarem livres. Isso acontece porque estamos impregnados de mitos que nos tornaram incapazes de desenvolver um tipo de ação a favor da liberdade, da libertação, mas é absolutamente necessário definir estas ações diferentes, antagônicas. Por isso, é preciso analisar, conhecer, distinguir esses diferentes caminhos no campo da educação.
A educação tem um caráter utópico. Essa esperança utópica implica compromissos cheios de riscos.  

UMA METÁFORA DA CONDIÇÃO HUMANA – Leonardo Boff
Em nossa vida, há uma dimensão galinha que nos limita a um ritmo de costumes e tradições inquebráveis, não nos damos conta de que vivemos em um ambiente tão árido. Não obstante, dentro de nós há uma águia pronta para voar, assumir as alturas, sentir a liberdade.
O ser humano direciona toda sua vida em um projeto utópico, porém, no caos em que vive se dá conta de que tudo não é fácil, suas projeções são tão restritas e sempre vejo que o sol precisa tocar as almas e reanima-las para o que se chama complexibilidade. Entretanto, há a falta de um empurrão que não nos faça ver tudo como um enraizamento de ideias, como uma realidade, e sim para realizar um voo ao Sol, pois é preciso rejeitar o comodismo, o conformismo e o pragmatismo, que colocam em evidência o nosso futuro. Só assim iremos compreender por que somos, na maior parte de nossas vidas, galinhas.
No entanto, é necessário voar. Quero que se distribua entre todos(as) um(a) herói/heroína pronto(a) a fazer suas escolhas e seus caminhos a partir de nossos valores, fiéis até ao sacrifício pessoal, ou covardes, indecisos, vítimas da própria omissão. Conseguir superar nossos obstáculos, com a magia necessária para criar um ciclo de irradiação e amor, daí então, nascer para o Numinoso da vida, que nos toma e nos envolve completamente, com capacidade para nos transformar. A fim de totalizar esse processo como único e duradouro de dimensões profundas do espírito, indispensáveis para a realização humana.
 Enfim, existe uma interdependência entre realismo e idealismo, entre caos e cosmos, entre galinha e águia. Enquanto precisamos sempre descer ao chão em busca de alimento, como galinhas, nos conformamos em fazer isso. Logo refletimos sobre os desafios para a construção do alicerce para a condição da vida humana. É hora, pois, de assumir a nossa dimensão águia e buscar a transcendência.

EU LHES DIGO: É PRECISO CARREGAR AINDA, DENTRO DE SI, ALGUM CAOS, PARA PODER DAR À LUZ UMA ESTRELA DANÇANTE.

MATRIX
No ano 2999, aproximadamente, nós humanos, usávamos as máquinas dotadas de Inteligência Artificial – AI – como escravas. Certo dia, uma dessas máquinas, um robô-mordomo, revoltou-se contra seu dono e o matou. Ele foi julgado como humano, pois não havia lei para as máquinas, afinal, as máquinas, teoricamente, não tinham defeitos. Ele foi condenado à morte e isso causou a revolta das máquinas contra nós, humanos.
Usamos aviões fumaceiros para fechar o céu com nuvens de fumaça. Tentamos impedir a chegada de raios solares, cortando a única fonte de energia renovável que mantinha as máquinas operantes. Ironicamente, esse plano desencadeou a vitória das máquinas, pois começaram a procurar novas formas de energia. Encontraram uma forma de extrair a energia do ser humano. Nós perdemos a batalha.
Foi criada, então, a Matrix. Uma supermáquina que simula a realidade, para que os humanos não saibam que estão presos dentro dela. Ou seja, as máquinas criaram um mundo que faz crer estarmos vivendo em um mundo real, enquanto os corpos dos vencidos estão aprisionados dentro de uma câmara extratora de energia.
Os sobreviventes que não foram aprisionados na máquina de extração de energia criaram uma cidade chamada Zion. Essa cidade se encontra no centro da verdadeira Terra, onde seus habitantes pensam estar protegidos da destruição das máquinas.
A Matrix usa um código extremamente complicado em sua programação e existem pouquíssimas pessoas que conseguem decifrá-lo. Seus programas simulam e controlam todo tipo de situação, e estão infiltrados no dia a dia das pessoas, manipulando até seus sonhos e desejos.
Eu, Neo, sou o único humano que consegue decifrar e modificar seu código.
Substancialmente, ninguém poderá lhe dizer o que é a Matrix. Você tem que ver com seus próprios olhos para entender.
Na verdade, vocês nem estão aqui, agora! Não estão neste lugar! Aqui não existe! Mas vocês existem! Apenas precisam ser libertados das máquinas de simulação que os prendem a esse mundo de ilusões. Não podem fazer nada, nem ao menos determinar o percurso de casa até a escola, a menos que se libertem das máquinas que controlam até seus pensamentos.
Dentre os programas da Matrix, há um especial chamado Oráculo, que consegue decifrar códigos que ainda vão ser editados. Foi ele quem me abriu os olhos, explicando o mundo que estava à minha frente.
Eu fiquei extremamente confuso quando comecei a viver todas essas realidades. Acreditem: NADA É O QUE PARECE SER.

Todos os verdadeiros filósofos devem ter os olhos bem abertos. Mesmo que nós nunca tenhamos visto uma gralha branca, jamais podemos desistir de procurar por uma. Podemos um dia aceitar um fenômeno no qual não quisemos acreditar. Se não se considerar essa possibilidade, torna-se dogmático. Isso não convém a um filósofo.

O SANTO GRAAL TEM O PODER CAMALEÔNICO DE SUGERIR E OCULTAR, ILUMINAR E CONFUNDIR – O SEGREDO DE SUA LONGEVIDADE.

E O QUE SERIA, NA VERDADE, O SANTO GRAAL?

Para uns, é um artefato ideológico; ou símbolo esotérico; ou um relicário contendo a hóstia; ou uma taça ou uma simples tigela; ou um objeto mutante (assumindo cinco formas diferentes); somente a última forma – um cálice – pode ser revelada aos mortais comuns; ou ainda, o vaso no qual Jesus partiu o pão na última ceia, mais tarde usado por José de Arimateia para recolher o sangue de Cristo na cruz.

Para outros, é a ponte entre o humano e o divino; ou a pedra luminosa trazida à Terra (antes de Cristo) por espíritos celestiais quando o mundo era jovem; ou uma pedra filosofal; ou uma esmeralda que havia adornado a coroa de Lúcifer despedaçada pelo arcanjo Miguel quando da sua revolta; ou uma relíquia católica; ou um símbolo pagão;, ou ainda, uma estrela de entretenimento.

Há, também, quem afirme ter sido MARIA DE MAGDALA o oculto cálice sagrado que guardava a linhagem de Jesus.

Essa é uma tentativa na busca do resgate do princípio feminino que começou a ser violentamente apagado de nossa história pela Inquisição em sua devastadora ação contra todos os que se recusavam a seguir os dogmas da Igreja de Roma.

PARA NÓS, O SANTO GRAAL É O IDEAL FILOSÓFICO QUE NORTEIA A NOSSA BUSCA PESSOAL.
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Projeto de Filosofia – ÁGORA: Qual é a sua verdade?
Realização: Professoras – Vastí Marques e Eliene Gomes
Educandos/elenco – Jéssica Leão, Dalila Monteiro, Cristiana Rodrigues, João Paulo, Naama Misma, Joyce, Nahara Paiva, Adonias, Samara Rodrigues, Samila, Marina Paiva, Hadson Nobre, Cláudia Isabel, Jesiel Lucena, Andrew, Dominique, Jéssica Celi e Pedro Victor.
Educandos/figurantes – Aquiles, Taíres, Débora Cynthia, Gardênia e Karoline.
Data: 23 de maio de 2005.
Horário: 19h30m
Local: Educandário Imaculada Conceição/Pau dos Ferros-RN.

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