Fiz o que era mais
urgente: uma prece. Rezo para achar o meu verdadeiro caminho. Mas descobri que
não me entrego totalmente à prece, parece-me que sei que o verdadeiro caminho é
com dor. Há uma lei secreta e para mim incompreensível: só através do sofrimento
se encontra a felicidade.
Tenho
medo de mim, pois sou sempre apta a poder sofrer. Se eu não me amar estarei
perdida — porque ninguém me ama a ponto de ser eu, de me ser. Tenho que me
querer para dar alguma coisa a mim. Tenho que valer alguma coisa? Oh
protegei-me de mim mesma, que me persigo. Valho qualquer coisa em relação aos
outros — mas em relação a mim, sou nada. É tão bom ter a quem pedir. Nem me
incomodo muito se eu não for totalmente atendida.
Eu
peço a Deus para eu ser mais bonita — e não é que meu olho faísca ao mesmo
tempo que meus lábios parecem mais doces e cheios? Eu peço a Deus tudo o que eu
quero e preciso. É o que me cabe. Ser ou não ser atendida — isso não me cabe a
mim, isto já é matéria-mágica que se me dá ou se retrai. Obstinada, eu rezo. Eu
não tenho
o poder. Tenho a prece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário