sábado, 27 de novembro de 2010

Sonhamos ou somos sonhados?

Enquanto permanecemos imersos na realidade efetiva, não sabemos se estamos sonhando ou acordados, porque tanto o sono quanto a vigília são regidos pela lei da causalidade, em ambos há aparências no espaço passíveis de sofrerem efeitos, em ambos o tempo permite a sucessão de imagens.
Os poetas, segundo Schopenhauer, têm inteira razão ao sustentar que a vida é um grande sonho. A vida e os sonhos são páginas de um mesmo livro. A vida no conjunto das suas sequências causais, dadas após o acordar empírico, pode ser chamada de "vida real". Quando termina a longa hora de leitura que é a vida real e vamos dormir, então começamos a folhear ociosamente o livro antes lido ordenadamente. Passamos a ler ao acaso, aqui uma página, ali outra, aqui um parágrafo, ali outro, sem ordem e sequência estabelecidas, o que constitui os inúmeros sonhos dos incontáveis sonos. Muitas vezes lemos o que já foi lido, outras vezes algo desconhecido, mas é sempre o mesmo livro deste grande sonho que é a vida.
Outra observação schopenhaueriana para aparentar a vida ao sonho: ambos começam de improviso, e muitas vezes terminam do mesmo modo. Segundo relata, admitiu definitivamente que vigília e sonho são páginas de um mesmo livro quando, depois de ter feito uma refeição, retirou-se para um sono repousante, uma siesta em lugar pouco conhecido; ao acordar, duvidou se o fazia dentro do sonho ou se realmente acordava no lugar em que estava. Ficou definitivamente convencido: os poetas falam a verdade, e transformou essa antiga intuição artística em conceito de sua filosofia.
"A vida é sonho, e os sonhos sonhos são", dizia o poeta espanhol Calderón de la Barca.

3 comentários:

  1. Não quero especificamente comentar sobre o momento filosófico apresentado. Gostaria de registrar a "coincidência" de ter sonhado justamente com você na noite anterior à noite da leitura desse texto, e no meu sonho você falava sobre filosofia.

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  2. talvés nos fosse necessário uma visão mais epistemologica ou um discernimento correto, seja dos sonho que se fazem reais quando acordamos ou da realidade que se faz sonho quando dormimos. Quem nunca se pegou no dejavu de um amanhecer ou nas respostas tão esperadas por Sophia, quando no final de seu livro, e diante do seu mundo decobri fazer parte apenas da imaginação do autor. Quem sabe somos um desejo do criador que nos deu a capacidade de sonhar e refazer os erros na realidade; e diante mais um pouco acordar, e poder refazer tudo novamente em um sonho, concedendo ao ´´tempo uma visão móvel e eteria da saudade``, já dizia platão.

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