sábado, 20 de agosto de 2011

É escolha

Existem coisas que, em qualquer tempo, suscitam reflexões... O que é sublime é assim e, por isso, o pensamento de Maria Balé encontrou espaço no meu coração.

Ser mãe não é um privilégio, castigo ou premiação. Ser mãe é escolha. Deles, os filhos.
São eles que, após longa busca e rigorosa seleção, escolhem nascer através de você. Sabem que serão paradoxalmente livres, inexatos, inacabados e indecifráveis e só você poderá, apesar de, mesmo que e acima de, amá-los intransitivamente, forever... Sabem que o mundo é louco, perigoso e cheio de armadilhas e precisarão ser salvos a cada instante. Sabem que só você é bipolar: doce e azeda, fada e bruxa, céu e inferno, depende da hora. Velha demais para entendê-los; jovem demais para morrer um dia.
O seu filho escolheu você. Escolheu, porque sabe que, a despeito de não ter receita, você tem os ingredientes necessários para cada fase da vida com ele:
- Autoestima inabalável. Nos meses de gestação você se transforma num imenso e disforme pedaço de carne com olhos. Duas pessoas em um só corpo. Depois que ele nasce, volta a ser só meia. Seu habeas corpus desaparece. Só come ou dorme quando ele deixa.
- Rapidez reativa para tirar de sua boca objetos pontiagudos, insetos vivos, materiais tóxicos, lixo e afins. Ufa!... foi por pouco!
- Condicionamento de atleta para sobreviver à fase em que engatinha e anda por terrenos inseguros.
- Grande senso de humor para achar graça quando ele recorta sua Harper's Bazaar para fazer a lição de Artes. Justo a página cujo verso estampava o Mel Gibson... sem camisa!
- Resistência a intermináveis horas de vigília. A noite inteira acordada, perdida numa montanha de Lego, para finalmente, às 6h da matina, hastear a bandeira de caveira no barco pirata, após a última das 1.536 peças.
- Discernimento de prioridade. A cirurgia de miopia, há três meses agendada, terá que esperar. No mesmo dia haverá troca de faixa no judô da escola.
- A insuspeitável capacidade de viver com o coração batendo do lado de fora do peito. Adolescente, o filho insiste em manter sigilo absoluto sobre o seu paradeiro nas madrugadas. Ah, que alívio!... o barulho da chave na porta.
- Flexibilidade e tolerância. Depois dos cinco vestibulares, cinco semestres em cinco universidades diferentes, ele já sabe o que quer. Quer ser músico. Tocar sax no bar de um amigo.
Enfim, adulto, independente, vida feita. É hora de fazer as pazes com o possível. E o possível é a alegria com data marcada. Ele liga no Natal e no Dia das Mães.

Um comentário:

  1. Prezada Vasti:

    Parabéns pelo blog, trata-se de uma ferramente de pesquisa riquissima para nós Educadores!
    Suas postagens são muito interessantes, essa em especial, tocou meu coração!
    Ser Mãe, foi a melhor escolha que minha princesa Maria Clara poderia ter feito (pelo menos pra mim... rsrs), ela transformou minha vida, como descrito por você. Foi uma transformação maravilhosa, a melhor!

    Beijinhos de Luz!
    Quando tiver um tempinho, visite meu blog:
    http://coordenacaopedagogica-ivanilda.blogspot.com/

    Sua mais nova seguidora,
    ivanildamilfont@hotmail.com

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