sexta-feira, 18 de abril de 2014

O livro



Como já disse, não creio no acaso, portanto “quando” e não “se” eu ler O apanhador no campo de centeio, terei uma convicção ainda maior de que nada é por acaso. Este livro tem aparecido periodicamente: lendo um livro sobre timidez, ele foi mencionado; pouco depois assistindo ao filme “Teoria da conspiração”, lá estava ele. Soube, também, que Chapman, o assassino de John Lennon, conduzia um exemplar desse livro quando pôs fim à trajetória daquele que fez o mais belo hino sobre a paz, o mais famoso dos integrantes dos Beatles.
Numa abordagem sobre a timidez, já mencionada, o escritor Sérgio Coelho cita essa obra fazendo alusão ao protagonista, que tem a percepção e aceitação de que pode ser uma pessoa diferente da regra.
Essa obra serviu como livro de cabeceira para duas gerações do povo americano.
Certamente farei um comentário sobre o seu teor quando chegar às minhas mãos, porque nesse momento ler esse livro se tornou uma meta para mim.
[Pouco depois, escrevi]

SER OU NÃO SER UM APANHADOR
Chegou-me às mãos “O apanhador no campo de centeio” – Jerome David Salinger. À medida que lia constatava que uma imensa afinidade surgia entre mim e o protagonista. Qual o ponto em comum? A timidez que tem como consequência uma capacidade de observação considerável. O tímido faz uma leitura das situações assim como das pessoas, de forma pormenorizada. Comparo isso à capacidade de se ler nas entrelinhas, de descobrir a intencionalidade de um texto.
Conheci a história de Holden Caulfield, um adolescente que faz suas observações quando está internado num hospital; relata sua expulsão de um colégio e sua volta para casa, registra suas ideias e nos deixa uma forte impressão, dada a sua sinceridade e espontaneidade.
Ser Um apanhador no campo de centeio é desejo comum de todos, em algum momento da vida, quando tudo nos parece pesado demais, difícil de suportar. Quando as responsabilidades, as cobranças – tanto nossas quanto de outrem tendem a nos sufocar, a exigir demais... Ufa!
Quando traçamos metas, é natural que haja um esforço direcionado para a conquista do que certamente acrescentará algo àquilo que já somos. Às vezes me pergunto se o esforço empreendido é suficiente ou se nos mantemos naquele nível médio em que os medíocres se contentam. Isso ocorre, principalmente, quando vemos os sonhos sendo adiados ou, pior ainda, irremediavelmente desfeitos.
Viver em sociedade implica escravização aos processos de funcionamento desta, uma vez que somos obrigados ao mergulho numa acirrada competição em que os conflitos nos tornam melhores ou piores do que somos. Nesse turbilhão de ideias e ações contraditórias, somos envolvidos, por vontade própria ou força das circunstâncias, caminhando rumo ao sucesso ou ao fracasso.
Para onde iremos?
Em momentos assim mergulhamos em reflexões, brigamos conosco e com o mundo, registramos nossos protestos e angústias e... Desejamos ser um apanhador no campo de centeio. Descobrimos que aprender a viver não significa escrever um manual ou encontrá-lo; é exatamente o oposto, é descobrir que o tal manual não existe. Isso pode deixar sem norte aqueles que gostam de traçar metas, que costumam consultar mapas, pesar, medir, avaliar qual o melhor caminho.


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