Como já disse, não creio no acaso, portanto “quando” e não “se” eu ler O apanhador no campo de centeio, terei
uma convicção ainda maior de que nada é por acaso. Este livro tem aparecido
periodicamente: lendo um livro sobre timidez, ele foi mencionado; pouco depois
assistindo ao filme “Teoria da conspiração”, lá estava ele. Soube, também, que
Chapman, o assassino de John Lennon, conduzia um exemplar desse livro quando
pôs fim à trajetória daquele que fez o mais belo hino sobre a paz, o mais
famoso dos integrantes dos Beatles.
Numa abordagem sobre a timidez, já mencionada, o escritor Sérgio Coelho
cita essa obra fazendo alusão ao protagonista, que tem a percepção e aceitação
de que pode ser uma pessoa diferente da regra.
Essa obra serviu como livro de cabeceira para duas gerações do povo
americano.
Certamente farei um comentário sobre o seu teor quando chegar às minhas
mãos, porque nesse momento ler esse livro se tornou uma meta para mim.
[Pouco depois, escrevi]
SER OU
NÃO SER UM APANHADOR
Chegou-me às mãos “O apanhador no campo de centeio” – Jerome David
Salinger. À medida que lia constatava que uma imensa afinidade surgia entre mim
e o protagonista. Qual o ponto em comum? A timidez que tem como consequência
uma capacidade de observação considerável. O tímido faz uma leitura das
situações assim como das pessoas, de forma pormenorizada. Comparo isso à
capacidade de se ler nas entrelinhas, de descobrir a intencionalidade de um
texto.
Conheci a história de Holden Caulfield, um adolescente que faz suas
observações quando está internado num hospital; relata sua expulsão de um
colégio e sua volta para casa, registra suas ideias e nos deixa uma forte
impressão, dada a sua sinceridade e espontaneidade.
Ser Um apanhador no campo de
centeio é desejo comum de todos, em algum momento da vida, quando tudo nos
parece pesado demais, difícil de suportar. Quando as responsabilidades, as
cobranças – tanto nossas quanto de outrem tendem a nos sufocar, a exigir
demais... Ufa!
Quando traçamos metas, é natural que haja um esforço direcionado para a
conquista do que certamente acrescentará algo àquilo que já somos. Às vezes me
pergunto se o esforço empreendido é suficiente ou se nos mantemos naquele nível
médio em que os medíocres se contentam. Isso ocorre, principalmente, quando
vemos os sonhos sendo adiados ou, pior ainda, irremediavelmente desfeitos.
Viver em sociedade implica escravização aos processos de funcionamento
desta, uma vez que somos obrigados ao mergulho numa acirrada competição em que
os conflitos nos tornam melhores ou piores do que somos. Nesse turbilhão de
ideias e ações contraditórias, somos envolvidos, por vontade própria ou força
das circunstâncias, caminhando rumo ao sucesso ou ao fracasso.
Para onde iremos?
Em momentos assim mergulhamos em reflexões, brigamos conosco e com o
mundo, registramos nossos protestos e angústias e... Desejamos ser um apanhador
no campo de centeio. Descobrimos que aprender a viver não significa escrever um
manual ou encontrá-lo; é exatamente o oposto, é descobrir que o tal manual não
existe. Isso pode deixar sem norte aqueles que gostam de traçar metas, que
costumam consultar mapas, pesar, medir, avaliar qual o melhor caminho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário