terça-feira, 20 de maio de 2014

"Conhecereis a verdade e ela vos libertará"

Somente são dignos da verdade plena
os que se encontram libertados das paixões.
A busca da verdade nos permite a libertação de crenças e valores que fazem parte do imaginário coletivo do qual é tão difícil o afastamento, mesmo porque as crenças que nos são incutidas têm um poder imenso de absorção e duração.
É necessário, portanto, o cuidado com aquilo que cremos, pois isto pode vir a fazer parte da nossa realidade na condição de ideia ou atitude. Já se acreditou que fosse necessário ver para crer, todavia hoje sabemos que precisamos crer para ver, e é exatamente esse o ponto de vigilância constante: no que acreditamos.
É importante notar que quando buscamos a verdade, encadeamos um processo de mudanças tanto exteriores quanto interiores; as primeiras acarretam alterações comportamentais, mas são as outras que provocam as alterações mais profundas e que realmente contam no processo evolutivo do indivíduo, porque se temos promovido alterações na nossa essência, alcançamos um efeito eficaz e imediato na aparência. O mesmo resultado não ocorre se alteramos, por exemplo, o ambiente em que estamos ou se polimos nossos gestos ou medimos as palavras no trato com o outro.
Segundo os critérios da Programação Neurolinguística – PNL, as transformações ocorrem em seis níveis: mudanças ambientais, mudanças comportamentais, crenças e valores, capacidades, identidade e essência. Esses itens estão expostos num processo de gradação ascendente, partindo do exterior onde as mudanças podem ser superficiais a princípio, mas que podem se estruturar e alcançar um nível de maior profundidade modificando verdadeiramente a nossa essência.
Aqui reside o princípio da busca da verdade a que nos propomos e que resulta na nossa liberdade. Paulo de Tarso é um exemplo do processo de mudança em nível de maior profundidade. Ocorreu, na estrada de Damasco, uma transformação na sua essência, e isso refletiu nos aspectos exteriores da vida desse homem que, de perseguidor, passou a ser perseguido. Já não existia mais o Saulo. Essa mudança não ficou restrita à pessoa de Paulo, após a sua conversão ele prega fora da palestina para os não-judeus e até hoje os seus escritos têm encontrado ressonância em nossas almas.
É conveniente estabelecer um paralelo entre Paulo e Thiago (irmão de Jesus), pois ambos tinham o objetivo de continuar a propagação das ideias de Jesus, entretanto o mundo conheceu o Jesus cristianizado por Paulo, e é aqui que devemos considerar o fato de Paulo possuir toda uma formação nos moldes greco-romano, o que faltava a Thiago. Este procurava difundir o Jesus na condição de Messias prometido ao povo de Israel, no entanto foi o Cristo celestial de Paulo que prevaleceu. A eloquência desse apóstolo mereceu observação do imperador Festo quando o “prisioneiro de Cristo” fazia a sua defesa. “As muitas letras te fazem delirar” – foram as palavras do imperador.
Analisando essas histórias, percebemos a extensão das mudanças num nível mais profundo quando realizamos a busca de verdades. O livro Ressurreição e Vida, de Yvonne do Amaral Pereira nos diz o seguinte: “O que nos deverá interessar é apenas a Verdade, seja ela qual for e esteja onde estiver, mesmo que ela destrua o orgulho de opiniões já arraigadas e nos demonstre a ignorância em que nos movimentáramos antes”.
Falamos da necessidade de se estar vigilantes ante as nossas crenças e valores considerando a força interior, esse potencial enorme que existe dentro de nós. Há pouco ouvi uma belíssima história contada pelo neurolinguista Kau Mascarenhas, que traduz parte desses níveis de mudanças que podem advir do ser humano quando este se propõe verdadeiramente a iniciar um processo de transformação levando em conta as decisões que tomamos e as escolhas que fazemos diariamente.
Houve um rei muito poderoso que mantinha um harém composto de vinte e oito esposas e entre elas, aquela a quem considerava sua preferida. E foi justamente essa, Lilibeth, a sua predileta que fugiu do harém com um general do reino, o general Max. Como era de se esperar, o rei ferido em seu orgulho e impelido pela crueldade que lhe era peculiar, empreendeu todos os esforços e conseguiu agarrar o casal fujão. Prendeu-os em celas separadas enquanto decidia qual seria o destino de ambos.
Passado algum tempo, preparou uma arena da seguinte forma: no centro, seu trono e de Lilibeth; junto a eles, Max acorrentado; numa das extremidades da arena havia duas portas a fim de que o condenado escolhesse aquela que determinaria o seu destino. Por trás de uma, um tigre feroz e faminto que poderia selar a sua morte imediata; por trás da outra, uma bela jovem com um saco de moedas que poderia ser o seu salvo conduto, a sua liberdade, o seu recomeço. Exercitando sua perversidade, o rei cochichou para Lilibeth qual seria a porta que salvaria o seu amado. Nesse ínterim, Max para diante das portas e hesita... E agora?
Bem, é você quem decide!
A proposta de Kau Mascarenhas é que cada indivíduo decida o destino de Max, demonstrando assim a sua capacidade de decisão e, sobretudo, que se revelem suas tendências positivas ou negativas frente à vida. Aquilo em que cremos tem realmente um poder extraordinário em nossas vidas. Cremos e vemos.

Cabe, aqui, a reflexão: Somos o resultado de nossos próprios pensamentos. Somos hoje aquilo que nossos pensamentos nos levaram a ser no passado. Se agirmos corretamente agora, agiremos certo em alguma ocasião futura                      

Nenhum comentário:

Postar um comentário