segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A fala de Deus a Jó – Robert Frost

Sim, por acaso. Antes, porém, uma questão mais relevante.
Tenho-te na mente há milhares de anos
Para agradecer-te um dia pela maneira como me ajudaste
A estabelecer de uma vez por todas o princípio
De que não há conexão que se possa fazer
Entre as ações humanas e seus merecimentos.
A virtude pode falhar e a maldade ter êxito.
Demos um grande exemplo disso.
Caso tivesse encontrado a palavra exata
Eu te teria falado antes. Poderias supor que
Alguém que no princípio era a Palavra
Disporia dos meios para comandá-la.
Como todo mundo, preciso esperar pelas palavras.
Há muito, muito tempo devo-te esse pedido de desculpas
Pelo sofrimento aparentemente injustificado
De que foste vítima em tempos pretéritos.
Mas fazia parte do processo
Que não o soubesses à época.
Pareceria sem sentido se fizesse sentido.
E o resultado provou seu acerto.
Não tenho dúvida de que compreendes agora
A parte que desempenhaste
Para estupidificar o Deuteronomista
E alterar o sentido o pensamento religioso.
Agradeço-te por me teres libertado
Da servidão moral para com a raça humana.
O único livre arbítrio que existiu no princípio
Foi o do homem, que podia escolher entre o bem e o mal.
Não tive escolha senão segui-lo.
Fi-lo entender isso por meio de castigos e recompensas
Sob pena de que eu perdesse a veneração.
Eu precisava promover o bem e punir o mal.
Mudaste isso tudo. Libertaste-me para reinar.
És o Emancipador de teu Deus e,

Como tal, promovo-te a santo.

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