quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Uma fábula

Há muito, muito tempo, a vida evoluiu num certo planeta, produzindo muitas organizações sociais - alcateias, matilhas, cardumes, manadas, bandos, rebanhos, e assim por diante. Uma espécie cujo membros eram particularmente inteligentes desenvolveu uma organização social singular chamada "tribo".
O tribalismo funcionou bem para eles durante milhões de anos, mas chegou um momento em que decidiram experimentar uma nova organização social (chamada "civilização"), que era hierárquica e não igualitária. Não se passou muito tempo e aqueles que ficavam no topo começaram a ter uma vida de grande luxo, usufruindo de um lazer perfeito e tendo o melhor de todas as coisas. Abaixo deles, uma classe formada por um número maior de pessoas vivia muito bem e não tinha do que se queixar. Mas as massas que viviam na base da hierarquia não gostavam nem um pouco daquilo. Trabalhavam e viviam como animais de carga, lutando só para continuarem vivos.
"Isso não está dando certo", disseram as massas. "O modo de vida tribal era melhor. Deveríamos voltar a viver daquela forma."
Mas o chefe, que ficava no ponto mais alto da hierarquia, disse:
"Abandonamos para sempre aquela vida primitiva. Não podemos voltar a ela."
"Se não podemos voltar", responderam as massas, "então vamos em frente - na direção de algo diferente."
"Não, não pode ser", disse o chefe, "porque nada diferente é possível. Nada pode existir além da civilização. A civilização é um invento final, insuperável."
"Mas nenhum invento é insuperável para sempre. A máquina a vapor foi suplantada pelo motor a gasolina. O rádio foi suplantado pela televisão. A calculadora foi suplantada pelo computador. Por que seria diferente com a civilização?"
"Não sei por que é diferente", disse o chefe, "mas é."
Mas as massas não acreditaram. Nem eu. 
E você, acredita?

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